Uma vacinação em massa como a que se prevê para o fim de 2020 e início de 2021 para combater a Covid-19 traz grandes desafios científicos, mas há outro aspecto frequentemente ignorado que pode trazer complicações: o logístico. A indústria de insumos hospitalares começou a alertar para os riscos de faltarem equipamentos como seringas e agulhas para aplicação das vacinas.

Em entrevista à jornalista Monica Bergamo, da Folha de S.Paulo, o superintendente da Associação Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos e Odontológicos (Abimo), Paulo Henrique Fraccaro, alerta que o governo precisa estar alerta para essa questão antes que seja tarde demais.

Fraccaro aponta que o setor tem capacidade de produção máxima de 1,5 bilhão de seringas por ano, mas o governo não pode abdicar de outras campanhas, como a aplicação contra o sarampo, para direcionar toda a produção para a Covid-19.

Uma vacinação para os 210 milhões de brasileiros pode precisar, no mínimo, de 300 milhões de seringas em um prazo de três a quatro meses, segundo Fraccaro. No entanto, a capacidade produtiva atualmente é de 50 milhões em cinco meses. Por este motivo, ele cobra pressa do Ministério da Saúde, que supervisionará a potencial distribuição e produção da vacina de Oxford e da AstraZeneca, e do governo de São Paulo, que monitora a CoronaVac, do laboratório chinês Sinovac.

Em entrevista coletiva desta segunda-feira (10), Jean Gorintchteyn, secretário da saúde de São Paulo, afirma que não há previsão de falta de seringas e que já há uma licitação aberta para aquisição de mais 30 milhões de seringas para garantir que não haverá qualquer chance de desabastecimento.

O Ministério da Saúde, por sua vez, respondeu em comunicado que já está em preparo a rede logística para distribuição da vacina para a população brasileira, e que não prevê dificuldades para aquisição de insumos para a aplicação. “As aquisições de seringas e agulhas serão compatíveis com a necessidade de cobertura populacional.